sábado, 15 de janeiro de 2011

Simão Sabrosa entusiasmado com estrutura do Besiktas

SIMÃO falou à imprensa portuguesa desde a Turquia onde se manifestou surpreendido pela positiva elogiando o apoio que o clube dá aos profissionais.
Em entrevista ao «Record» destaca alguns temas como as razões da saída do Atlético, a selecção e o Benfica que não falou nem com Simão nem com o empresário Jorge Mendes:


R – Ao fim de cerca de duas semanas de trabalho, qual é a primeira impressão do Besiktas?
SS – A primeira impressão tem sido muito boa. O clube tem condições fantásticas. No Benfica já tinha trabalhado num centro de estágio semelhante, no Atlético Madrid nem tanto, além disso o ambiente no seio da equipa também é muito bom, pouco a pouco vou conhecendo os jogadores, o grupo, há vários portugueses. O clube é muito organizado, o bem estar dos atletas está acima de tudo, aqui os jogadores são uma prioridade, as pessoas estão sempre disponíveis para nos ajudar no que quer que seja, de forma a que não nos falte nada, somos a coisa mais importante no clube. Até no que diz respeito à alimentação, procuram saber aquilo a que estamos habituados, o que gostamos mais, temos uma nutricionista. Não nos falta nada, pois a maior preocupação do clube é que nos sintamos confortáveis para fazer o nosso trabalho.

R – Parece surpreendido com todo esse profissionalismo...
SS – Sem dúvida; aliás, acho que as pessoas tem pouco conhecimento desta realidade. Se alguém falar do campeonato turco falam do Besiktas, Galatasary e Fenerbhaçe. Mas há muito mais para além disso, pois o campeonato é muito competitivo, há uma adesão. Fiquei surpreendido pelo profissionalismo, conhecia o clube, mas não sabia que ia encontrar tanta organização.

R – Mudar do futebol espanhol para o turco, trocar o Atlético Madrid, onde era o capitão, pelo Besiktas, foi uma decisão difícil? Foi muito ponderada?
SS – Em todos os projetos, rumos que possas dar à tua vida tens de pensar bem. Eu tinha mais 6 meses de contrato com o Atlético Madrid, chegámos a falar sobre a renovação, mas havia contornos que a mim não me interessavam. Não estava à espera de sair em janeiro, mas o Besiktas foi uma oportunidade que não pude deixar passar, são mais dois anos de contrato, logicamente que o campeonato é diferente, mas este é um projeto novo, ambicioso, o qual abracei de corpo e alma. É claro que as pessoas vão pensar que vim devido a um bom contrato, mas não, é tudo junto. Não vou mentir; mas se fosse só pelo dinheiro eu não vinha, mas o projeto é grandioso. E eu apostei nele.

«Adeus à Selecção é irreversível»
R – A decisão de abandonar a Seleção Nacional é passível de um retrocesso, como já aconteceu com tantos outros jogadores a nível internacional?
SS – Não há hipótese de voltar atrás. Foi uma decisão muito pensada, ponderada, não foi logo a seguir ao Mundial que decidi, foi durante as férias. Foi algo que decidi com amigos e com a família, foi uma decisão difícil, mas como todas têm de ser tomadas e achei que este era o momento certo.

R – Se antes dessa decisão já tivesse existido a mudança no comando técnico, tinha procedido de outra forma?
SS – Falar sobre isso neste momento não é o mais importante. Foi uma decisão independente de quem estava à frente, pensei apenas pela minha cabeça. Achei que tinha chegado o momento, pois tenho mais de 150 jogos, em todos os escalões, pela Selecção, foram muitos anos, estágios, concentrações e achei que este era o momento certo para deixar a Selecção. Não foi um decisão logo após o Mundial, durante as férias conversei muito sobre isso, foi ponderada e pensada.

«NINGUÉM DO BENFICA PEDIU PARA VOLTAR» 

RECORD – Aos 31 anos resolveu trocar o Atlético Madrid pelo Besiktas, com quem assinou contrato até 2013. Este passo pode ser interpretado como a derradeira etapa da sua carreira?
SIMÃO SABROSA – (Risos). Eu acho que as pessoas têm uma noção errada da idade em que um jogador começa a perder qualidades. Em Portugal e Espanha existe a mentalidade de que quando se passa dos 30 anos já estamos velhos. É errado. Não estamos velhos para o futebol nem para a vida. Aliás, basta olhar para o futebol italiano, onde há jogadores com 39 e 40 anos que continuam a evidenciar uma performance muito boa. Eu acredito que se as lesões me continuarem a respeitar – felizmente tenho tido poucas, exceto as duas operações aos joelhos –, ainda vou ter muitos anos para jogar ao mais alto nível. Para já, são dois anos e meio, não sei o que vai acontecer. Mas se estes dois anos e meio correrem bem, ainda espero jogar outros dois ou até mais.

R – Isso significa que o sonho de terminar a carreira em Portugal ainda existe?
SS – Os sonhos são muito relativos. O mais importante é terminar no momento certo, e saber quando chega esse momento. Logicamente que eu nunca escondi que gostava de voltar a Portugal, mas neste momento não sei se isso vai acontecer.

R – Desde que iniciou o seu último ano de contrato com o Atlético Madrid que se falou muito da possibilidade de voltar ao Benfica. Qual a razão por que esse regresso não se concretizou?
SS – Simplesmente porque não houve rigorosamente nada com o Benfica. O clube não entrou em contacto comigo e até tenho ótimas relações com o presidente; o Jorge Mendes, meu empresário, também se relaciona bem com Luís Filipe Vieira, mas comigo nunca falaram sobre nada. Foram só rumores. Tudo o que soube foi através dos jornais. Ninguém me disse nada, não me perguntaram se estava interessado em voltar, não houve contacto nenhum, ninguém me pediu para voltar. Não há mais nada a dizer sobre isso.

R – Há cerca de 10 anos ingressou no Benfica, oriundo do Barcelona, numa transferência que deixou o universo leonino em polvorosa. De menino-bonito da formação leonina passou a mal-amado em Alvalade. Essa realidade mexeu consigo?
SS – De certa forma, sinto alguma. Estive muitos anos no Sporting, cresci lá e tenho pena que, devido a esse facto, algumas pessoas se afastassem de mim. Algumas delas, com quem tinha relações de amizade, que trabalhavam no Sporting, pouco a pouco foram-se afastando. Mas se não fui para o Sporting não foi culpa minha, porque estive com pessoas do Sporting, na altura eles queriam por empréstimo, o Barcelona queria vender, o Sporting assumiu publicamente que não tinha dinheiro para me comprar, e naquele momento a única possibilidade concreta foi o Benfica. Eu, como profissional, não podia estar parado e aceitei.

R – Tomar essa decisão, então com apenas 21 anos, foi um passo importante na sua carreira?
SS – Foi a minha primeira grande decisão como profissional de futebol e uma decisão muito difícil de tomar. Os dois primeiros anos foram muito duros, com situações complicadas, tive de lidar com perseguições de carro, ameaças de toda a ordem. Depois os sportinguistas ficaram revoltados comigo, numa situação em que fui mal interpretado, pois atribuíram-me declarações em que dizia que o Benfica ia a Alvalade para roubar o título ao Sporting. Ainda dei uma conferência a esclarecer as coisas, mas a partir daí criou-se uma bola de neve que foi crescendo. Mas nem todos os sportinguistas são assim. Conheço muitas pessoas do Sporting que, quando vou a Lisboa e me encontram nas ruas, falam comigo, tratam-me muito bem, respeitam-me e dizem que gostariam que eu voltasse. Há uma parte de sportinguistas que estão tristes comigo, mas há outros que pensam de outra forma.
R – Admitia voltar ao futebol português para jogar com a camisola do Sporting, ou no regresso só admite jogar pelo Benfica?
SS – A pergunta mais difícil ficou para o fim (sorrisos). Contudo, com todo o respeito, não vou responder a essa questão, até porque não quero arranjar polémicas.

Record

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